Blog da Sietar Brasil
(INATIVO)
Por Cristiana Lobo A questão dos refugiados do Haiti ganhou recentemente mais atenção da mídia com a chegada de 400 haitianos em São Paulo vindos do Acre no intervalo de poucas semanas entre abril e maio. Nos meses anteriores chegaram cerca de 1000. Em 2013, 2600. A maior parte dos haitianos que vieram para a capital paulista foi hospedada na casa de amigos e parentes que já estavam aqui. No entanto, muitos estão na Casa do Migrante, local apoiado pela Pastoral do Migrante da Igreja Católica, no Glicério, região central da cidade e também no abrigo administrado pela Prefeitura, também na Rua do Glicério. Além de receber doações de itens básicos de moradia e higiene pessoal, eles também dispõem de programas de auxílio à integração social. A Missão Paz intermedia processos de recrutamento e seleção entre empresas brasileiras e refugiados, em sua maioria haitianos. Os haitianos vêm construindo uma reputação de uma mão de obra de qualidade e é muito comum que empregadores que contrataram imigrantes voltem à Missão Paz para contratar mais. Os interessados podem procurar a Missão Paz às terças, quartas e quintas a partir das 13:30. Está em fase de implementação o projeto voluntário SOS Português, que combina 3 horas de orientações básicas de sobrevivência (também chamadas Daily Living nos treinamentos interculturais para expatriados) e 3 horas de frases básicas de português. Este curso é oferecido com tradução consecutânea para francês e creole (idioma nativo do Haiti). A meta é chegar à capacidade de 50 alunos/dia, 7 dias por semana, até 7/7/14. Este projeto é uma parceria da Uniespírito com a Missão Paz e é coordenado por Ines Meneses, presidente da Sietar Brasil. Também conta com Associados SIETAR Brasil, entre eles Naomi Yamaguchi, Denise Miranda de Figueiredo e Jéssica Mimessi. O projeto está em busca de mais professores e tradutores para francês ou creole. Os interessados podem contatar Alin Gioielli ([email protected]). Não é necessário experiência anterior. A SIETAR Brasil patrocina o projeto voluntário de Treinamento Intercultural para Refugiados, oferecido desde o ano passado e idealizado por Naomi Yamaguchi. Estes treinamentos acontecem na Missão Paz, em parceria com a Uniespírito. Além de Naomi, mais 8 Associados SIETAR Brasil estão à disposição do projeto para dar o treinamento intercultural quando seu idioma é requerido: Mariana Barros, Sven Dinklage, Tanor Romão Gomes, Nick Cheong, Hanna Helstela, Laurence Sicot, Vivian Manasse e Irene Mendoza. A coordenação logística na Missão Paz é feita pela Differance, representada por Joanna Skrzypczak. O Treinamento Intercultural é realizado em francês, tem a duração de quatro a cinco horas e foi batizado Modos de Pensar o Comportamento do Povo Brasileiro. O objetivo é ajudar os haitianos a compreenderem e a lidarem com a nossa cultura, para que eles alcancem competência de colaboração e até de liderança no futuro. “O Brasil ainda é um país racista e isso é um choque para eles”, comenta Naomi. Eles chegam sem casa, sem trabalho, sem idioma e sem dinheiro, mas muitos têm formação universitária e são subutilizados pelo Mercado de trabalho, se sentem rebaixados de status social. Começam pelas atividades mais simples, o que torna a adaptação mais difícil. Giovany Bernardo (foto), por exemplo, tem 23 anos e chegou sozinho há 1 ano e meio no Brasil. “Eu estudava administração de empresas no Haiti mas minha faculdade fechou. Diziam que era fácil continuar os estudos aqui mas a faculdade é cara. Morei no sul, em Porto Alegre, onde aprendi português e trabalhei em uma empresa de vidros. Moro em São Paulo desde janeiro, divide apartamento com dois amigos e vou estudar no Senai para ser pintor.” Giovany atuou como tradutor-intérprete para creole em uma das aulas do SOS Português. O treinamento intercultural direcionado para eles é muito diferente do que se faz com executivos que já chegam com um trabalho certo e adaptados a uma hierarquia onde geralmente ocupam cargos de liderança. No caso dos haitianos, é importante despertar a resiliência e a capacidade de adaptação. Eles vêm de uma sociedade influenciada pela cultura francesa em que predominam a lógica, o espírito crítico e a assertividade. Eles são muito sérios e competitivos, o que é uma qualidade mas pode desencadear uma visão negativa da realidade em que eles se encontram agora. O objetivo é estimular cada um deles a criar uma nova realidade. Segundo Naomi, a presença deles pode nos ajudar também a refletir sobre a nossa própria mentalidade ainda servil. Para ela, eles trazem uma visão de liberdade e justiça que nós ainda precisamos desenvolver. Missão Paz: Rua do Glicério, 225, São Paulo-SP. Há estacionamento no local.
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Por Fernanda Ogasawara Com os avanços tecnológicos e da globalização o mundo parece ficar cada vez menor. As barreiras territoriais diminuem a medida que a cultura de um povo fica mais acessível ao resto do mundo. Hoje, um carro fabricado no Brasil tem suas peças compradas da China, Índia, Singapura, França e vários outros países. O número de negócios fechados “overseas” cresce a cada dia. Entender a “outra cultura” é fundamental para o sucesso na negociação e para atingir esse objetivo o desenvolvimento de competências interculturais é de suma importância. Uma das formas de desenvolver essas competências é por meio do contato com outras culturas. Os benefícios de se conhecer outras culturas, porém, não são conhecidos de hoje. O americano A. Piatt Andrew criou o American Field Service (AFS) em 1914, durante a Primeira Guerra Mundial com a missão de transportar soldados franceses feridos em combate. A operação teve início em um hospital militar localizado em Paris. Todo o serviço foi feito por voluntários e financiados por civis. Ao final da guerra, 2.500 homens tinham servido no AFS com o exército francês. O AFS também foi ativado durante a Segunda Guerra Mundial. Com um corpo de condutores voluntários, o AFS atuou na França, norte da África, Oriente Médio e Itália. Após a Segunda Guerra Mundial, Stephen Galatti e 250 condutores AFS prometeram continuar a sua tradição de paz do AFS e criaram o "AFS International Scholarships" (bolsa internacional do AFS, em tradução livre). A tradição AFS de compreensão mundial e de intervenção continuaria através de intercâmbios interculturais e educacionais. A principal ideia dessa iniciativa é que a partir do entendimento entre diferentes culturas é possível atingir a paz mundial. Hoje, o AFS é uma Organização Não Governamental (ONG) internacional e voluntária. As famílias que hospedam os estudantes contam com o total apoio do AFS e dos voluntários locais (que são treinados para lidar com problemas de choque e adaptação cultural). Porém, não recebem nenhum tipo de ajuda financeira ou isenção fiscal. O conceito aqui é receber alguém de outra cultura porque deseja aprender e ter essa experiência. O AFS foca seus programas interculturais em jovens de 14 a 18 anos através do intercâmbio (de 6 a 12 meses) com orientações antes, durante e depois da experiência sobre aprendizagem intercultural. A organização tem muita importância no desenvolvimento da carreira de interculturalistas da SIETAR. Por exemplo, foi trabalhando no AFS que Lucy Linhares, co-fundadora da SIETAR Brasil, descobriu que o Interculturalismo era um campo profissional com uma metodologia de trabalho. Foi através do AFS que Lucy entrou em contato com a SIETAR. Essa ponte foi criada e foi vital para a posterior criação da SIETAR Brasil. Hoje, essa ligação continua forte. O AFS é associado jurídico da SIETAR Brasil. Também, as associadas Fernanda Ogasawara é ex-participante AFS e voluntaria hoje tanto para o AFS (Comitê Curitiba) quanto para a SIETAR Brasil. Para saber mais: http://www.afs.org.br/ |
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